<<“ Damásio gosta de flores e o seu gostar não é de hoje. Vem de longa data. Para ser exato, ele é louco por elas. Essa preferência faz parte da sua natureza. Aprecia as sofisticadas e também as mais simples. Se alguém lhe perguntar como é, diz que é assim mesmo: capaz de ficar horas e horas contemplando uma orquídea ou mesmo uma simples margarida.

Há quatro anos, quase perdeu o juízo. Neuza, sua mulher, levou-o a uma escola, em Bauru, e lá ele encontrou uma imensa árvore de folhas vermelhas. Resultado: durante uma semana, não falou de outra coisa em casa. Ele queria uma árvore como aquela para plantar em Arealva. Pois Neuza fez-lhe uma grata surpresa: deu-lhe de presente oito mudas da planta de flores vermelhas (Eritrina). E todas elas ele plantou.

Durante os quatro anos, cuidou pessoalmente de cada uma delas. Viu as árvores crescerem e, cada ano, indagava: “Será que este ano elas florescem?’ Ficou aguardando ansioso as flores vermelhas brotarem dos galhos. As plantas, porém, não davam a mínima para a impaciência dele. Mesmo assim, cresceram quatro metros.

Afinal, as árvores floresceram. Mas nenhuma flor nasceu vermelha. Desabrocharam brancas, feias, opacas, completamente desbotadas. Damásio ficou triste, decepcionado. Ele queria flores vermelhas, e elas nasceram brancas. Não se conformava de ter esperado tanto tempo em vão.

“Vou cortar estas árvores. Nós fomos enganados’ - disse à mulher.

Neuza interveio, com o bom-senso feminino:

“Você esperou tanto tempo. Por que não espera um pouco mais para ver o que acontece? Quem sabe elas não nascem assim e, aos poucos, vão mudando de cor?’

Não é que Neuza, para variar, tinha razão!... As flores brancas desbotadas começaram, pouco a pouco, a ficar vermelhas. Um verdadeiro espetáculo. Um deleite. E Damásio sofre só de pensar que, por pouco, a sua impaciência não colocou tudo a perder.

Hoje, ensina que na vida, tudo é assim. Se você sonhou com uma coisa e recebeu outra, confie. Espere.

“Se você crê em Deus’, assegura ele, “tenha a certeza de que Ele sempre dá o que você precisa, no momento certo. Como Ele nunca erra na entrega de seus desejos, siga em frente sem murmurar ou duvidar’.

Diz mais: “O espinho de hoje será a flor de amanhã! É preciso ficar atento. Saber esperar. Dar tempo ao tempo para que as coisas aconteçam naturalmente. Até mesmo as flores só mudam de cor quando chega a hora’.” >>

Fonte: http://www.parana-online.com.br/colunistas/52/70325/

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Às vezes fico muito brava. Melhor, revoltada. Em outras (últimamente com mais frequencia) melancólica. Na maior parte do tempo, otimista.

Já tive muitas fases, mas o que me revolta é este ano. A minha vida toda quis ter 27 anos. Engraçado isso...depositei minhas esperanças neste ano. Ele chegou! Com o aniversário, descobri algo que nunca me contaram que acontece com as meninas e que só depois comentando com uma amiga ela disse que teve a mesma sensação: viramos mulher! É doido descobrir que não somos mais menininhas...vem à tona uma postura de mulher e ai algumas coisas até então presentes perdem sentido e um mundo novo surge. Parece primeira menstruação, mas lá na adolescencia não temos consciencia disso. O mundo novo agora não é tão novo porque uma vida praticamente já passou por nós, mas a mudança dá novo animo. E isso é legal. Só vi aspectos positivos. Mas será que esperei por essa data para constatar isso?

Talvez seja. Talvez, ao completar 28 anos eu constate que o bom dos 27 foi isso. Mas ai acho sacanagem. Por que minha vida não pode ser do jeito que eu quero que ela seja? E aqui não é um querer mimado. Pqp! Conduzo minha vida nessa direção.

Reconheço que talvez pudesse fazer mais, mas ai tem o lado da precaução...da prudencia, que os anos nos ensinam. Por outro lado, se eu fosse mais clara em alguns aspectos, talvez fosse compreendida e assim receberia o que almejo. Mas desse modo, temo que os acontecimentos perdessem a naturalidade. E no fundo, como diz Fernando Pessoa, ser compreendido é prostituir-se. E definitivamente, apesar dos pesares não quero isso.

Quero apenas que a flor vermelha apareça no meu jardim. E, apesar desse querer ser intenso, reconheço que não tenho outra alternativa se não esperar. Poderia chorar. Sim, pq não? Mas adianta? Irei extravazar e nada mudará. Me revoltar tb não resolve. Se fizesse uma passeata, pouquissimos me acompanhariam, alguns me apoiariam (moralmente) e muitos diriam isso não dá em nada. Por experiencia sei que estes últimos tem razão, logo, esperar é a melhor opção. E espero com otimismo. Se por hora vejo flores feias e com uma cor que não me agrada, tenho esperança que daqui até minha próxima "primavera" a pigmentação mude.

E que assim seja. Não me lembro de ano mais dificil do que este. Julgo-me merecedora de uma corzinha...