• Será que as pessoas têm medo do silencio?<o:p></o:p>

    Diz uma anedota que certa vez três homens decidiram adotar a prática ascética de guardar o silêncio absoluto até à meia-noite, quando iriam contemplar a lua cheia. Passado algum tempo um dos homens, distraidamente, exclamou: "Ora, é muito difícil não abrir a boca!". Ao ouvi-lo falar, um dos outros disse: "Você está falando e isso é proibido!". Então, o terceiro, indignado com os outros dois, saiu com esta: "Vejam, sou eu o único que não falou" ...

    <o:p></o:p>

    Noto que hoje em dia a maioria das pessoas ocupa seu tempo o tempo todo. Depois dizem que a vida passa rápido demais. Claro que passa, não se dá tempo ao tempo!<o:p></o:p>

    Mas porque? Será que a culpa é da modernidade que facilita a vida e deixa tudo a mão de modo que caímos num circulo vicioso e dele não saímos? Neste caso parece que a vida exige que ocupemos nosso tempo. Não sei, mas é fato que o silencio é uma exceção no nosso dia-a-dia. Vivemos em meio ao barulho e uma tentativa de silenciar, como na anedota é uma tortura.<o:p></o:p>

    Mas porque tem que ser assim? Por que não nos recusamos a participar das convenções? Ou ainda, será que talvez não seja uma questão mais intima? Ou seja, essa necessidade de ocupar o tempo não é uma fuga? Pode até ser por causa da modernidade, já que se começa o dia com o som de um despertador; depois usa-se rádio ou cd´s no carro, na rua; ouve-se o que se chama de "música de ambiente" em vários lugares, como no elevador e em escritórios e salas de espera. E termina-se o dia com o ruído da tv em casa, sem contar com barulhos incômodos de vizinhos. <o:p></o:p>

    E como alguém, uma vez disse: "No meio do barulho não se consegue ouvir o silêncio. E ai está a fuga: o excesso de barulho nos afasta de nós mesmos ao não vivermos o silencio e por isso,  sem nos darmos conta o reencontro com o nosso eu por meio do silencio causa medo. Mas é curioso, porque em pequenas cidades ou no campo há menos conversação já que, para interromper o silêncio, é preciso ter alguma coisa para dizer. E, é fato: hoje em dia, há tanta gente que fala mas que não têm nada para dizer.<o:p></o:p>

    <o:p></o:p>

    Certa vez em uma aula de filosofia ouvi a seguinte indagação de um professor, lendo algum texto que não me recordo: "Se uma árvore cai na floresta, fará algum barulho se não houver ninguém para ouvi-la cair?"

    <o:p></o:p>

    Acho que ai pode estar a causa do medo que o silencio tem consigo. Ou seja, será que a questão da necessidade do barulho não é esta de se eu não ouvir, como terei certeza de que existo? Mas será que o silêncio não diz nada? Diz sim! As pessoas ocupam o silencio para fugir da solidão. Mas a solidão não é o silencio. Solidão representa outra coisa. Talvez o silencio responda mais questões do que se pressupõe. Talvez ele diga o que representa essa solidão. Há uma voz interna e é esta voz que nos conta quem de fato somos. Acho que essa voz começa nas nossas memórias e depois se incorpora ao nosso corpo. Quando nos silenciamos começamos a pensar e o pensamento vai tomando conta. Num determinado momento não se sabe mais porque começou nem porque ali se está.<o:p></o:p>

    O silêncio tem nele mesmo o seu próprio sentido e a nossa pergunta nele está. É fácil condenar o silêncio, sob pretexto que é um mal que é necessário curar, e por isso ocupamo-nos com barulho o dia todo, todo dia. O valor do silêncio reside entre as palavras e entre os pensamentos.<o:p></o:p>

    Deveríamos nos dispor a pensar mais. Acho que ai pode estar um bom caminho para as angustias da vida. E por que não experimentar uma busca a si mesmo com momentos de silencio? Há muito a se descobrir com isso! Vale a experiência. E chega de barulho! <o:p></o:p>

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  • A tradução não está 100%, mas vale a espiada! A música é de uma (ex) banda francesa chamada Mickey3d - que eu adoro!

     

     

    Espero que apareça a tradução! lol


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  • À mon avis ce clip est génial et très émouvant. Ils ont raison. A savoir: c'est une protestation que je trouve juste contre la force de appeler les pompiers pour n'importe quoi.  Mais jugez par vous même:

     

    Genial  o projeto 118. Principalmente para sensibilizar as pessoas que ligam para os bombeiros por nada...ou para passar trotes... aqui no Brasil deveria ter alguma manifestação desse tipo: parece engraçada, mas é séria e importante.

    Aliás, uma pergunta que não quer calar: porque aqui ninguém protesta contra o que incomoda? Nunca entendi isso!

     


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  • Adiamento -
    Álvaro de Campos

    "Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
    <nobr>Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,</nobr>
    <nobr>E assim será possível; mas hoje não...</nobr>
    <nobr>Não, hoje nada; hoje não posso.</nobr>
    <nobr>A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,</nobr>
    <nobr>O sono da minha vida real, intercalado,</nobr>
    <nobr>O cansaço antecipado e infinito,</nobr>
    <nobr>Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...</nobr>
    <nobr>Esta espécie de alma...</nobr>
    <nobr>Só depois de amanhã...</nobr>
    <nobr>Hoje quero preparar-me,</nobr>
    <nobr>Quero preparar-me para pensar amanhã no dia seguinte...</nobr>
    <nobr>Ele é que é decisivo.</nobr>
    <nobr>Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...</nobr>
    <nobr>Amanhã é o dia dos planos.</nobr>
    <nobr>Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;</nobr>
    <nobr>Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...</nobr>
    <nobr>Tenho vontade de chorar,</nobr>
    <nobr>Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...</nobr>
    <nobr>
    </nobr><nobr>Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.</nobr>
    <nobr>Só depois de amanhã...</nobr>
    <nobr>Quando era criança o circo de domingo divertia-me toda a semana.</nobr>
    <nobr>Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...</nobr>
    <nobr>Depois de amanhã serei outro,</nobr>
    <nobr>A minha vida triunfar-se-á,</nobr>
    <nobr>Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático</nobr>
    <nobr>Serão convocadas por um edital...</nobr>
    <nobr>Mas por um edital de amanhã...</nobr>
    <nobr>Hoje quero dormir, redigirei amanhã...</nobr>
    <nobr>Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?</nobr>
    <nobr>Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,</nobr>
    <nobr>Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo...</nobr>
    <nobr>Antes, não...</nobr>
    <nobr>Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei.</nobr>
    <nobr>Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.</nobr>
    <nobr>Só depois de amanhã...</nobr>
    <nobr>Tenho sono como o frio de um cão vadio.</nobr>
    <nobr>Tenho muito sono.</nobr>
    <nobr>Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...</nobr>
    <nobr>Sim, talvez só depois de amanhã...</nobr>
    <nobr>
    </nobr><nobr>O porvir...</nobr>
    <nobr>Sim, o porvir...</nobr> "

     .................

    Resolvi postar este poema por adorá-lo. Melhor, na verdade, a intenção do post foi entender o pq eu gosto tanto e através disto descobrir o ponto onde o poema "me touche".

    <o:p> </o:p>

    E depois de um tempo, descobri alguns pqs, mas...

    <o:p> </o:p>

    Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
    Só depois de amanhã...” lol

    “Hoje quero dormir, redigirei amanhã...”<o:p></o:p>

    <o:p> </o:p>

    Sim...

    <o:p></o:p>

    “Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
    Sim, talvez só depois de amanhã...”<o:p></o:p>

    <o:p> </o:p>

    Não é demais? Adoro Fernando Pessoa...e seus heterônimos!<o:p></o:p>

    <o:p> </o:p>

     “A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,” – essa frase é boa.

     

     


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